Tecarterapia

O que é, benefícios e os efeitos biológicos

Blog Sausport

 

Afinal, o que é a Tecarterapia?

Apesar de desconhecida pela maioria dos profissionais, a Tecarterapia tem sido uma tecnologia com resultados surpreendentes, pela positiva, tanto para os profissionais de saúde que a englobam nos seus tratamentos, como para os pacientes. Os pacientes, com um número reduzido de tratamentos, notam melhorias significativas, ao nível de qualidade de vida, e de quadros álgicos – muitos deles, em estado de cronicidade ou em períodos prolongados de tratamentos mais convencionais, sem melhorias significativas. [1]
Tem como grande vantagem o facto de poder ser utilizada em simultâneo com técnicas de terapia manual ou exercício, seja com um elétrodo fixo e um móvel, seja com dois elétrodos fixos (permitindo ao fisioterapeuta potenciar os benefícios do tratamento com terapia manual ou com exercício clínico sugerido ao paciente, enquanto se dá a passagem da corrente TECAR entre os dois elétrodos fixos).

 

Qual é o tipo de onda utilizado? E qual é a frequência?

A TECAR (Transferência Elétrica Capacitiva e Resistiva) enquadra-se no grupo das ondas eletromagnéticas, mais precisamente nas ondas diatérmicas, que é um tipo de onda não-invasivo, de efeito endotérmico e que provoca um aumento da temperatura dos tecidos pelos quais a corrente incide. [2]
É de realçar que a tecarterapia difere das ondas diatérmicas mais vulgarmente utilizadas. Enquanto as ondas diatérmicas mais conhecidas são o ultrassom (onda mecânica entre 1 e 3 MHz), a onda-curta (onda eletromagnética com frequências entre 2-100MHz) e a micro-onda (também eletromagnética, com frequências entre 915MHz e 2.45GHz), a tecarterapia apresenta uma frequência de onda entre os 300KHz e 1MHz. [2] Esta frequência utilizada coincide com as frequências de ressonância dos vários tecidos do corpo humano, nas quais a membrana plasmática é permeável, sendo isso que permite a absorção da energia e consequente aumento de temperatura das estruturas envolvidas. [3]

 

Como é que a TECAR funciona? É “mais um” instrumento dentro da eletroterapia?

Comparativamente aos instrumentos de eletroterapia mais comuns, a tecarterapia difere na maneira como transmite energia aos tecidos. Os efeitos de indução térmica que possui são criados através de uma bio-estimulação causada pela estimulação de cargas iónicas naturalmente presentes nos tecidos moles do corpo humano. [3]
Consoante a finalidade desejada, utilizam-se elétrodos diferentes (CET e RET). A TECAR não utiliza a transmissão de energia eletromagnética do exterior para o interior – em vez disso, dá-se uma estimulação de tecidos a nível celular, envolvendo uma troca de eletrólitos já presentes no organismo, que desencadeia os efeitos fisiológicos que levam às melhorias apresentadas pelos pacientes.

O método CET (capacitivo) utiliza um elétrodo isolado (revestido a cerâmica), utilizado de forma móvel pelo fisioterapeuta em contacto direto com o corpo do paciente, e uma placa condutora de metal, posicionada de forma estática, também em contacto direto com o paciente. Neste modo, o tratamento é mais direcionado aos tecidos adjacentes ao elétrodo ativo e, principalmente, tecidos com baixa resistência à corrente: pele, músculos, tecido conjuntivo, sistema linfático e circulatório.

O método RET (resistivo) utiliza um elétrodo metálico, não isolado, e a mesma placa condutora de metal, sendo que neste método a corrente passa entre estes dois pontos do circuito, tal como os seus efeitos terapêuticos. No método resistivo, é perto dos tecidos com maior resistência – articulações, cartilagens, tendões, ligamentos e tecidos musculares mais profundos – onde irá ser encontrada uma maior concentração energética, possibilitando assim uma ação terapêutica mais profunda, em tecidos inacessíveis com outros tipos de eletroterapia.

 

Quais os efeitos fisiológicos da Tecarterapia?

Em níveis de energia baixos:

Aceleração do processo de regeneração natural, através da estimulação do potencial elétrico da membrana celular; [4]
Aumento do consumo de oxigénio através do incremento dos processos de proliferação; [2]
Ajuda na restauração do equilíbrio metabólico, devido às oscilações no ambiente celular que permeabilizam a membrana celular; [2]
Ação atérmica – permite utilização em fases agudas, com os benefícios acima enunciados, mas sem um aumento do processo inflamatório. [2]

Em níveis de energia médios:

Mantêm-se os efeitos acima descritos – início de ação térmica a nível dos tecidos mais profundos;
Hiperémia capilar e vasodilatação a nível dos pequenos vasos devido ao aumento da necessidade de oxigénio a nível tecidular. [5]

Em níveis de energia elevados:

Mantêm-se os efeitos descritos para os níveis de energia anteriormente abordados – efeito térmico máximo;
Estimula o retorno venoso e o sistema de drenagem linfático; [6]
Vasodilatação e aumento de temperatura dos tecidos profundos que, combinados com os efeitos sobre o potencial energético da membrana celular, aceleram o processo de recuperação que naturalmente ocorre no sistema. [5]

Para finalizar, quando devo e quando não devo utilizar a TECAR?

Como a frequência da onda pode ser ajustada, a TECAR pode ser utilizada de maneira segura tanto em casos agudos como crónicos. Para além disso, a capacidade de alternar entre o método RET e o método CET, permite que o fisioterapeuta utilize a tecarterapia em patologias musculares, articulares, tendinosas e, até mesmo, da pele, sistema linfático ou venoso. Algumas das indicações são:

  • Traumatologia: Lesões músculo-esqueléticas (contraturas, ruturas, estiramentos ou outras lesões musculares ou ligamentares, entorses, bursites, sinovites). [4] [7]
  • Reumatologia: Tratamento de doenças dolorosas a nível das articulações (artrite, osteoartrite degenerativa). [4] [7]
  • Dor: Processos inflamatórios que resultem em dor, tanto nas extremidades como na coluna (por exemplo, dor na cervical ou na lombar). [4]
  • Flebologia: Problemas circulatórios, problemas a nível de drenagem linfática. [5] [6]
  • Desporto: Preparação pré-esforço físico e recuperação após o mesmo. [8]

No entanto, existem também algumas contraindicações que se devem ter em conta quando se utiliza a TECAR:

  • Paciente com pacemaker;
  • Problemas de origem cancerígena (passados ou atuais);
  • Gravidez;
  • Cartilagem de crescimento;
  • Insensibilidade térmica;
  • Febre, infeções.

 

BIBLIOGRAFIA:

[1] Ganzit, G.P., Stefanini, L. e Stesina, G. (SD). Tecar® Therapy in the treatment of acute and chronic pathologies in sports. FMSE (Italian Sports Medicine Federation) – CONI Institute of Sports of Medicine, Torino.
[2] Bohnert, J. & Dössel, O. (2010). Effects of time varying currents and magnetic fields in the frequency range of 1 kHz to 1 MHz to the human body – a simulation study. Conf Proc IEEE Eng Med Biol Soc. (6805-8).
[3] Inglés, F. et al. (2005). Efectividad de la Radiofrequência Monopolar Capacitiva-Resistiva em el tratamento de cervicalgias degenerativas. Indiba Clinical Trial, Valencia, España.
[4] Notarnicola, A. et al. (2017) Short term efficacy of capacitive-resistive diathermy therapy in patients with low back pain: a prospective randomized controlled trial. J Biol Regul Homeost Agents 31(2):509-515.
[5] Clijsen, R. et al (2019). Does the Application of Tecar Therapy Affect Temperature and Perfusion of Skin and Muscle Microcirculation? A Pilot Feasibility Study on Healthy Subjects. J Altern Complement Med.
[6] Cau, N. et. al (2019) Preliminary evidence of effectiveness of TECAR in lymphedema. Lymphology. 52(1) 35-43.
[7] Kumaran, B. & Watson, T. (2019) Treatment using 448kHz capacitive resistive monopolar radiofrequency improves pain and function in patients with osteoarthritis of the knee joint: a randomised controlled trial. Physiotherapy. 105(1):98-107
[8] Guimarães, B. et al. (2018). The role of tecar therapy in the delayed onset muscle soreness and functional recovery. Annals of Physical and Rehabilitation Medicine (e75-e76)

SAUSPORT

NEWSLETTER

Subscreva a nossa newsletter.